segunda-feira, 18 de junho de 2012

Resenha – Encruzilhada, de Ademir Pascale.

“Um padre ganancioso, frio e calculista, através de um ritual macabro, liberta um dos cinco príncipes do inferno. Um jovem de dezenove anos passa por problemas amorosos, financeiros e familiares. Um pugilista, cansado de ser humilhado desde a infância, tenta alcançar a fama a qualquer preço. Três pessoas distintas, mas que possuem uma forte ligação.”

Meu Achismo:

Eu diria que o livro “Encruzilhada” é a Literatura Fantástica mais brasileira de toda essa recente leva, pelos personagens e suas vidas desgraçadas, pelas situações, pelos cenários de um Brasil caótico da maior metrópole quanto do interiorano, e, principalmente, pela forma com a qual o fantástico se faz presente. Quer forma mais brasileira de se fazer magia do que um ebó oferecido numa encruzilhada a meia-noite?

Há dois itens na trama de que gosto muito e que não vemos outros escritores trabalhando sobre eles: Demônios e espiritualismo (no sentindo mais amplo que esses dois termos invocam e que nada tem a ver com religião).

Allan é um rapaz de 19 anos, fudido e mal pago (mesmo!). Apesar de lindo *-* (vê-se pela capa feita pela ótima Carolina Mylius), a garota que ama nada quer com ele por ser pobre (tá certa: beleza e amor não pagam contas :P). Apesar de honesto e trabalhador, a família o abandonou. Apesar de ser um bom funcionário, o patrão o sacaneia. Apesar de trabalhar, praticamente passa fome porque o mísero salário mal dá para as contas.

E aí? Identificou-se em algo?

É mesmo uma realidade muito dura e cruel para um jovem que apenas está começando a vida.

E entre emprego ruim, twitter, DVDs de terror, HQs e rock pesado, Allan vai empurrando sua vidinha, como faz a maioria de nós – ou todos nós!

Anderson Gutierres é um outro personagem fudido e mal pago, mas de uma forma tal que faz Allan parecer um rebelde sem causa. Desgraçado e maltratado desde a infância, tudo na vida de Anderson deu errado, por mais que ele se esforçasse por mudar esse quadro – e o rapaz realmente se esforçava!

Bezequiel é um padre. Se comparado a sua juventude com as de Allan e Anderson, ele tivera uma vida de príncipe! Seguiu a carreira pela qual parecia ter vocação e pode dedicar muitos anos de estudos e pesquisas para aplacar sua fome de saber. Mas o que Bezequiel possuía não lhe era suficiente. E queria mais! Tanto que se embrenhou no interior do Piauí, atrás de um velho curandeiro que sabia onde ficava a entrada para o Inferno! E o padre era ingênuo e ambicioso o suficiente para ir até essa entrada e libertar o Demônio Asmodeus, crendo que tornaria seu amo e que teria seus desejos realizados.

E o que há de semelhante na trajetória desses três personagens?

A presença de asmodeus!

O prefácio é da fabulosa Laura Elias ;)

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