quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Entrevista - Jim Anotsu

O Escritor:

Quando começou a escrever?
Aos 10 anos de idade. A criação artística sempre esteve presente na minha vida. Sempre houve livros e música. Minha intenção sempre foi trabalhar com moda na verdade, mas acho que a minha família não via isso de um jeito muito bacana e tal, então acabei seguindo pra literatura – contudo, artes plásticas, cinema, movimentos musicais e alta costura – no que diz respeito à forma com que pessoas a veem ou convivem com ela - costumam aparecer no que escrevo.

Por que escreve?
Porque eu não tenho escolha. Sei lá, acho que é impossível me desligar disso, a mera tentativa de abandonar o trabalho criativo – seja literatura, música, etc, seria meio... como pular de uma montanha e tentar parar a queda no meio. Tem muito a ver com a forma como você observa a realidade e deseja registrá-la.

O que gostaria de alcançar com a sua Literatura?
Não sei, acho que ela serve como um tratamento psicológico entre eu e eu. Tem muito a ver com o que eu sou no momento em que escrevo. Minha única intenção literária é expandir minhas habilidades criativas e narrativas.

Qual tema ou assunto que gostaria muito de abordar, mas ainda não sente a necessidade de fazê-lo agora?
Não sei, acho que sobre o momento de transição em que o angst juvenil começa a dar lugar para a melancolia da idade adulta. Sobre aquela fase em que Kurt Cobain e Rivers Cuomo não conseguem te dar todas as respostas. Mas como eu ainda estou preso nessa fase não consigo ter uma visão isenta de sentimentos.

O que o motiva?
A possibilidade de criar coisas novas. Eu penso em cinco ou seis histórias ao mesmo tempo. Acho que é por isso que não tenho interesse em escrever uma série, porque eu não ficaria feliz acorrentado com os mesmos personagens e mundos durante muito tempo. Acho que parte disso é culpa da minha hiperatividade.

Qual a sua maior inspiração?
Tudo o que escrevo – romances, poemas, artigos científicos – nascem de alguma problemática. Em “Annabel & Sarah” eu estava com quase a mesma idade das protagonistas e tinha essa sensação de que o mundo queria me afogar num mar de coisas chatas. E tinha muito ali de querer documentar o estilo de vida que eu levava, que misturava indie rock, livros estranhos e sarcasmo.

O que mais atrapalha?
O cotidiano. Eu odeio obrigações e acho que a educação formal é uma forma de podar a criatividade. Acho que sei lá, as pessoas trabalham de 8:00 da manhã até as 6:00 da noite apenas para ganharem uns trocados e encherem os bolsos de pessoas mais burras e menos criativas do que elas. No momento eu estou cursando bacharelado em Literatura Inglesa e chego a ficar deprimido com a forma como essa mentalidade do comum chegou ao mundo acadêmico. Todo mundo se conforma bem fácil com a chatice.

Qual seria o cenário perfeito para trabalhar na sua Literatura?
Eu gosto de escrever durante a parte da manhã. Eu gosto de aproveitar as tardes para ler, assistir a algum filme, distrair a mente para que eu possa criar. Eu nem sempre ouço música para escrever, mas gosto de ter alguma coisa no fundo quando preciso planejar. Eu gosto de milhares de coisas, tipo jazz, emocore dos anos 90, power pop, rap, rock, twee pop, dubstep, baroque pop e coisas lo-fi.

O Leitor :

Qual o primeiro livro que leu e marcou a memória?
A ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, não foi o primeiro, mas é o livro que considero fundamental em minha decisão de me tornar escritor. Outro seria The Railway Children de Edith Nesbit.

Qual a obra mais marcante?
“O Arco-íris da Gravidade” de Thomas Pynchon, acho que é a obra que me tocou mais profundamente. Não consegui ler ou escrever nada durante um bom tempo após ter lido esse.

Não vendo. Não troco. Não empresto.
“The Complete Tales of Winnie-the-Pooh”, é uma belíssima edição com as histórias escritas por A.A. Milne e ilustradas por Ernest H. Shepard. Pooh é uma criação atemporal e a escrita de Milne é graciosa e inigualável.

Qual o gênero e estilo literário favoritos para leitura?
Aquilo que eu estiver lendo no momento. Eu sou meio onívoro com relação a livros. Sou capaz de me divertir lendo tanto Ian McEwan quanto Eoin Colfer. Só preciso de bons personagens e uma história estranha.

Onde, quando e como faz suas leituras?
Em qualquer lugar e somente com livros impressos, não gosto de computadores e leitores digitais, sou meio antiquado.

O que muito gostaria de ler, mas ainda não encontrou oportunidade?
Quero muito ler o último livro que comprei, se chama “The impressionista” do autor Hari Kunzru, contudo, a volta às aulas está batendo e vou ter menos tempo. Também quero ler “O Aviador” do Colfer.

Qual livro recomendaria?
Com certeza seria “On The Road” do Jack Kerouac, ele escreve de uma forma tão viva e espontânea que você se sente ali, conversando com Sal Paradise e Dean Moriarty. Um livro onde o importante é a linguagem e a experiência em fluxo.

O Autor:

Faça uma breve apresentação de sua obra mais recente.
O nome do livro é “A Morte é Legal” e minha previsão é que não demore muito para sair, dado que houve um intervalo de dois anos entre “Annabel & Sarah” e este. Uma sinopse básica seria: “Andrew Webley, um garoto muito ridículo.” O livro conta a história de Andrew Webley, um jovem de 19 anos que mora na cidade de Dresbel, um aspirante a escritor, sem rumo na vida e apaixonado pela melhor amiga, uma violinista, há mais de três anos sem ter coragem de se declarar para ela. As coisas começam a mudar quando conhece Ive, a filha mais nova da Morte e ceifadora estagiária. Ela lhe revela que caso encontre os três nomes verdadeiros de um certo gato, poderá fazer qualquer pedido, inclusive o amor da garota que ama. Com a ajuda de Prozy, uma coelha niilista que é alérgica a si própria, a dupla passa a procurar os nomes do gato numa busca que os leva até o mundo das fadas, a Cidade dos Ratos e outros lugares. Mas não estarão sozinhos nessa busca, um feiticeiro e uma fada do fogo estão no encalço da dupla, assim como Rayla, a capitã da Divisão de Investigação Espiritual, e irmã mais velha de Ive.

Quais foram as inspirações para essa obra?
Poemas de T.S Eliot, Philip Sidney, Wallace Stevens e paixões platônicas – e hip hop.

Qual foi a parte mais legal de escrever?
As partes da coelha niilista!

Qual a mais trabalhosa?
Tudo, escrever é uma coisa tão dolorosa que você precisa ter problemas mentais para entrar nisso por livre e espontânea vontade.

Fale sobre as suas personagens favoritas e o que há nelas para serem as prediletas?
Acho que a Annabel de “Annabel e Sarah” e Amber de “A Morte é Legal”. Acho que em algumas partes nós temos coisas em comum.

No que gostaria de transformar “A Morte é Legal”?
Não sei se eu gostaria que alguém fizesse isso. Sou muito ciumento para querer algo assim. Sei lá, um musical seria engraçado. Acho que às vezes alguns livros devem permanecer o que são: livros.

Quais os seus contatos e onde poderíamos adquirir as suas obras?
Bem, tem o twitter:@jimanotsu Eu não falo muita coisa útil lá, geralmente sobre música ou coisas relacionadas. Bem, você pode comprar através de lojas virtuais e nas livrarias. No site da Editora Draco você encontra a relação das lojas mais próximas de você. Até mais. =)

1 comentários:

Cesar disse...

Parabens á Patricia por fazer essa ponte para unir escritores da nova geração.É muito legar conhecer o pensamento e influências desses meus tantos colegas de ofício, unidos por desafios semelhantes na defesa de suas obras.

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