quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Entrevista - Alfer Medeiros

Hola! A partir de hoje, o Alternativos & Independentes inaugura uma nova fase em suas blogagens, com trabalhos mais intensos e objetivos, não ficando mais restrito apenas às divulgações de livros, eventos e afins. E a primeira dessas novidades por aqui é a Entrevista com Escritores, em que essas pessoas maravilhosas mostrarão a nós os seus envolvimentos com a Literatura, dentro da face trina "Escritor-Leitor-Autor".

E quem inauruga esta nova seção é o Escritor ALFER MEDEIROS, autor dos livros Fúria Lupina e Livraria Limítrofe =]

O Escritor:

1.    Quando começou a escrever?
Comecei bem tarde, aos 35 anos de idade. Foi basicamente uma necessidade de deixar livres as ideias represadas na cabeça por tantos anos.

2.    Por que escreve?
Por gosto pela coisa! Nunca ambicionei viver disso, apenas quero escrever. Se, nesse processo, houver pessoas interessadas no conteúdo produzido por mim, melhor ainda!

3.    O que gostaria de alcançar com a sua Literatura?
Ser lido e poder receber um retorno de quem teve contato com meu trabalho, visando sempre melhorar. É uma sensação única ver o seu trabalho literário provocar emoções nas pessoas.

4.  Qual tema ou assunto que gostaria muito de abordar, mas ainda não sente a necessidade de fazê-lo agora?
Eu gostaria de abordar coisas mais intimistas dentro do fantástico, como fiz no conto “Ícaro e a Ameaça Invisível”, narrativas solitárias de pessoas comuns visitadas pelo insólito. São ideias ainda na semente, que espero colocar em prática no futuro.

5.    O que o motiva?
A satisfação de escrever, pura e simplesmente.

6.    Qual a sua maior inspiração?

O dia-a-dia me inspira muito. A riquíssima fauna da megalópole onde vivo fornece personagens e cenários marcantes, a partir dos quais consigo desenvolver toda a concepção criativa para as minhas histórias. O que leio também ajuda a abrir certas portas mentais, que permitem um fluxo interessante de ideias.

7.    O que mais atrapalha?
Hoje, o grande inimigo da minha produção literária é a internet. A escrita só começa a ser efetiva quando o meu computador está off-line.

8.    Qual seria o cenário perfeito para trabalhar na sua Literatura?
Eu só preciso de um meio acessível para registrar as ideias. Via smartphone, consigo escrever em qualquer lugar. Minha rotina oferece pouquíssimos momentos de calmaria, então aprendi a escrever em meio ao caos. Se dependesse de clima, tranquilidade ou lugares especiais, eu nunca produziria.

O Leitor:

1.    Qual o primeiro livro que leu e marcou a memória?
“O Caso dos Dez Negrinhos”, da Agatha Christie, que li ainda na infância. Ele me mostrou que boas histórias não precisam ter desenhos para que eu conseguisse enxergar tudo o que o autor tem para passar.

2.    Qual a obra mais marcante?
“Os Mortos-Vivos” (Ghost Story), de Peter Straub. Ele me mostrou como um horrorzão dos bons deve ser escrito.

3.    Não vendo. Não troco. Não empresto.
Acho que não tenho tanto apego assim, pois não consigo dar essa resposta de bate-pronto! rs

4.    Qual o gênero e estilo literário favoritos para leitura?

Horror, policial e romance histórico. Prefiro narrativas fluentes e instigantes.

5.    Onde, quando e como faz suas leituras?
A leitura, para mim, é um preenchedor de tempo livre. Leio no transporte coletivo, nas filas, nas salas de espera. Além disso, também gosto de ler em casa, de maneira confortável, para variar. rs

6.    O que muito gostaria de ler, mas ainda não encontrou oportunidade?
Tive pouquíssimo contato com a literatura infantil porque, apesar de ler desde a infância, sempre tive à disposição livros mais “maduros”. Agora que sou pai, vou colocar em prática essa deliciosa descoberta, para passá-la adiante.

7.    Qual livro recomendaria?
Acho que “A História Sem Fim”, de Michael Ende, é uma obra universal e sem faixa etária definida, que todos podem apreciar.

O Autor:

1.    Faça uma breve apresentação de sua obra mais recente.
“Livraria Limítrofe – O Adeus” é a minha primeira incursão, em projeto solo, fora do horror (antes disso, só havia lançado o “Fúria Lupina”). É uma brincadeira com pessoas e referências literárias, na forma de uma livraria mágica que materializa as predileções por livros dos clientes.

1.1 – Quer dizer que o “Livraria Limítrofe” transita por todas as vertentes da Literatura Fantástica? A ideia me lembra a antiga série televisiva “A Ilha da Fantasia”, que algumas vezes não poupava os personagens de finais infelizes. Quais são as experiências pelas quais os personagens passam?
Cada capítulo é um depoimento diferente, dado por alguém que visitou a livraria. Como cada pessoa tem o seu grau de envolvimento com a literatura, essas visitas são bem diferentes entre si. Temos, por exemplo, duas pessoas que entram ao mesmo tempo e enxergam coisas diferentes, uma escritora sem inspiração buscando ajuda, um homem que se senta a uma mesa de bar na companhia dos seus dois autores de horror preferidos. O livro inteiro é um grande jogo de adivinhação, pois, apesar de conter diversas referências literárias, nenhuma delas é citada explicitamente.

2.    Quais foram as inspirações para essa obra?
Tudo o que li durante a vida, associado a perfis de pessoas comuns, dessas que vemos todos os dias.

3.    Qual foi a parte mais legal de escrever?
Em primeiro lugar, é fascinante como uma coisa tão abstrata como um lampejo criativo mental evolui e se transforma ao sair da cabeça e chegar ao papel. Saber o que os outros pensam a respeito e o que esse texto fez com eles também é muito gratificante.

4.    Qual a mais trabalhosa?
Fazer o texto tomar forma da maneira mais adequada é estafante. Na cabeça, está tudo bonito e coerente, mas quando se escreve, diversas armadilhas começam a surgir - becos sem saída, insatisfação com a apresentação das ideias, sensação de que não está bom. Por isso que sempre é um alívio chegar à forma final da história (mesmo que depois esta ainda venha a sofrer pequenos ajustes).

5.    Enumere todos os livros que escreveu, inclusive em co-autorias, na ordem do mais recente ao mais antigo, e descreva brevemente o significado de cada obra para você:
  • Livraria Limítrofe – O Adeus: de todos os meus trabalhos, este é o que me deu maior retorno dos leitores; é uma obra muito espontânea, escrita sem esforço algum, e por conta disso tenho muito apreço por ela.
  • Green Death – Ecoterrorismo Licantrópico: eu não escrevi neste projeto, mas ele é marcante por ser minha primeira experiência como organizador; foi muito legal ver um spinoff do Fúria Lupina com textos de outros autores.
  • Antologia Prisioneiro da Eternidade: participei deste e-book a convite do Oscar, do blog Prisioneiro da Eternidade; foi muito interessante escrever um horror indígena no conto “O Desejo de Ipupiara”, minha contribuição neste trabalho.
  • Cursed City: antologia de weird western onde fui selecionado com o conto “O Gigante, a Curandeira e a Lutadora de Kung-Fu”, minha primeira incursão no velho oeste e também no estilo de escrita mais descontraído.
  • Asgard – A Saga dos Nove Reinos: antologia na qual participei, como convidado, com o conto “Memórias do Lobo”, um grande desafio de escrever dentro de uma mitologia na qual nunca me achei à altura para produzir algo interessante; gostei bastante do resultado final.
  • Sete Visões – Ambição: minha primeira experiência com e-book; foi uma antologia com participação de sete autores, cada um versando sobre o tema principal e escrevendo um oitavo conto a 14 mãos.
  • Fúria Lupina Brasil: minha estreia solo, um projeto sobre lobisomens totalmente independente; este trabalho me abriu muitas portas, e sou muito grato pelos frutos que ele gerou.
  • UFO – Contos Não-Identificados: antologia da qual fiz parte como autor selecionado, com o conto “O Navegante”; através dela, conheci muita gente legal e aprendi algumas coisinhas do microcosmo da literatura fantástica nacional.

6.    Destas obras que citou, qual a mais curtiu?
Todas elas tiveram seu valor e contribuíram para minha experiência na escrita. Seria muita injustiça destacar apenas uma.

     6.1.    Qual foi mais trabalhosa?
   Fúria Lupina, com certeza. Eu não tinha experiência de escrita, não conhecia certos macetes que hoje me fazem ser mais produtivo.

    6.2. Qual superou as suas expectativas?
   Meu conto na antologia Asgard, “Memórias do Lobo”. Eu tive de fazê-lo em poucos dias, e não me sentia à vontade com isso. Fiz 7 versões, cada uma delas começando do zero, por não estar satisfeito com o resultado final. Apesar da minha insegurança, todas as críticas que recebi a respeito dele foram positivas.

    6.3. Com a boa aceitação do público, existe a possibilidade de “Memórias do Lobo” se tornar um romance ou ganhar continuidade em forma de série?
   Acredito que esse conto se desenvolveu plenamente no que se propôs. Ele conta a história do lobo Fenrir, filho de Loki, sob a narrativa dele mesmo. Vai da infância deste importante personagem até o pós-Ragnarok, sugerindo algumas mudanças no que foi contado na mitologia tradicional.

    6.4. Qual reescreveria ou daria continuidade?

  Sou contra reescrever textos já publicados, pois eles servem como uma fotografia do passado, uma amostra de quem era o autor em determinada época. Em termos de continuidade, minhas duas obras principais (Fúria Lupina e Livraria Limítrofe) terão vida longa, apesar de não terem sido concebidas com essa finalidade. São muitas ideias para esses projetos, e não há motivos para deixá-las engavetadas.

   6.5. Então você pensa na possibilidade de tanto “Fúria Lupina” quanto “Livraria Limítrofe” se tornarem uma saga?
   É grande a possibilidade dos dois projetos virarem séries, pois ainda há muitas ideias a explorar em cada um deles. Cada livro tem início, meio e fim, não existe a necessidade em ler um antecessor ou sucessor para entender ou ver a conclusão da trama. Mesmo assim, há muito a reaproveitar entre os livros, como cenários e personagens.

7.    Fale sobre o seu personagem favorito e o que há nele para ser o dileto?
Gosto muito do Livreiro Limítrofe, um senhorzinho educado, culto e dedicado ao seu trabalho.

8.    No que gostaria de transformar suas obras?

Tenho uma paixão amplamente declarada pelos quadrinhos. Espero um dia poder ver algo de minha autoria nessa mídia.

9.    Quais os seus contatos e onde poderíamos adquirir as suas obras?


E-mail: alfer.medeiros@gmail.com
Blogs:
Twitter: @AlferMedeiros
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100001104504871
Aquisição dos livros: diretamente comigo ou nos pontos de venda das editoras.


Entrevista concedida por Alfer Medeiros à Pat Kovacs, em 15/02/2012.
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