“Um padre ganancioso, frio e
calculista, através de um ritual macabro, liberta um dos cinco príncipes do
inferno. Um jovem de dezenove anos passa por problemas amorosos, financeiros e
familiares. Um pugilista, cansado de ser humilhado desde a infância, tenta
alcançar a fama a qualquer preço. Três pessoas distintas, mas que possuem uma
forte ligação.”
Meu Achismo:
Eu diria que o livro
“Encruzilhada” é a Literatura Fantástica mais brasileira de toda essa recente
leva, pelos personagens e suas vidas desgraçadas, pelas situações, pelos
cenários de um Brasil caótico da maior metrópole quanto do interiorano, e,
principalmente, pela forma com a qual o fantástico se faz presente. Quer forma
mais brasileira de se fazer magia do que um ebó oferecido numa encruzilhada a
meia-noite?
Há dois itens na trama de que
gosto muito e que não vemos outros escritores trabalhando sobre eles: Demônios
e espiritualismo (no sentindo mais amplo que esses dois termos invocam e que
nada tem a ver com religião).
Allan é um rapaz de 19 anos,
fudido e mal pago (mesmo!). Apesar de lindo *-* (vê-se pela capa feita pela
ótima Carolina Mylius), a garota que ama nada quer com ele por ser pobre (tá
certa: beleza e amor não pagam contas :P). Apesar de honesto e trabalhador, a
família o abandonou. Apesar de ser um bom funcionário, o patrão o sacaneia.
Apesar de trabalhar, praticamente passa fome porque o mísero salário mal dá
para as contas.
E aí? Identificou-se em algo?
É mesmo uma realidade muito dura
e cruel para um jovem que apenas está começando a vida.
E entre emprego ruim, twitter,
DVDs de terror, HQs e rock pesado, Allan vai empurrando sua vidinha, como faz a
maioria de nós – ou todos nós!
Anderson Gutierres é um outro
personagem fudido e mal pago, mas de uma forma tal que faz Allan parecer um
rebelde sem causa. Desgraçado e maltratado desde a infância, tudo na vida de
Anderson deu errado, por mais que ele se esforçasse por mudar esse quadro – e o
rapaz realmente se esforçava!
Bezequiel é um padre. Se
comparado a sua juventude com as de Allan e Anderson, ele tivera uma vida de
príncipe! Seguiu a carreira pela qual parecia ter vocação e pode dedicar muitos
anos de estudos e pesquisas para aplacar sua fome de saber. Mas o que Bezequiel
possuía não lhe era suficiente. E queria mais! Tanto que se embrenhou no
interior do Piauí, atrás de um velho curandeiro que sabia onde ficava a entrada
para o Inferno! E o padre era ingênuo e ambicioso o suficiente para ir até essa
entrada e libertar o Demônio Asmodeus, crendo que tornaria seu amo e que teria
seus desejos realizados.
E o que há de semelhante na
trajetória desses três personagens?
A presença de asmodeus!
O prefácio é da fabulosa Laura Elias ;)
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